Dependência Alcoólica

A Associação Mundial de Saúde (OMS) (1981) reconheceu a associação entre consumo de álcool e transtornos psiquiátricos e estabeleceu que os transtornos psíquicos são fatores contributivos desencadeantes e indutores para o consumo de álcool, havendo associação entre transtornos psíquicos e consumo de álcool. Trabalhos desenvolvidos e datados da década de 30 (século XX) já mostravam a associação de resultados semelhantes.

O alcoolismo além de uma dependência é uma doença biopsicossocial de natureza psíquica, que se instala no complexo físico e orgânico do indivíduo, manifestada por inúmeras causas que nem sempre é possível identificar a principal delas, requerendo um modelo de tratamento respaldado em critérios adequadamente estabelecidos, mas previamente diagnosticados e interpretados.

Normalmente, o doente dependente de álcool tem sido abordado pelo método convencional de tratamento, fundamentado em uma visão clínica da doença, não psiquiátrica, com baixo índice de resolubilidade no problema investigado, com consequências sérias ao dependente.

Tanto as desordens psíquicas como o próprio consumo do álcool contribuem para o desencadeamento de um quadro de dependência, que pode evoluir à irreversibilidade se não for tratada em tempo, com encaminhamento para a síndrome complexa, afetando sistemas vitais como: Sistema Nervoso Central (SNC), pâncreas, fígado, coração, entre outros.

Nas síndromes alcoólicas podem-se encontrar quase todas as patologias psiquiátricas: estados de euforia patológica, depressões, estados de ansiedade na abstinência, delírios e alucinações, perda de memória e comportamento desajustado.

Existem duas relações entre dependência de produtos químicos e transtornos mentais - de preexistência e consequência. Na dependência química pode ocorrer comorbidade, (ocorrência conjunta de transtornos mentais paralelamente à dependência química).

O transtorno mental pode ocorrer antes de o sujeito tornar-se dependente químico, mascarado pelo uso da droga, ou depois, em consequência do uso de substâncias químicas. Desta forma, entender o papel do álcool na doença mental e as causas concorrentes para a morbidez é fundamental, criando um paralelo entre dependência e transtorno mental.

A dependência do álcool pode ser desencadeada a partir da doença mental e introduzida a partir desta, despertando correlação entre dependência e transtorno mental, causas estas que concorrem para agravar o transtorno mental (decorrente da dependência).

Na comorbidade entidades diagnósticas duplas podem estar presentes em um mesmo indivíduo. Assim, o transtorno mental por abuso de substâncias químicas favorece a coexistência deste. Logo, a presença de uma patologia instalada concomitantemente com outra doença na dependência do álcool é potencializada reciprocamente.

Não apenas o álcool é uma dependência, mas diversos outros tipos de dependência, incluindo o consumo indiscriminado de medicamentos legalizados e não legalizados, comportamentos que apresentam distúrbios prejudiciais ao próprio indivíduo ou a terceiros, dependência afetiva e emocional, que invariavelmente podem ser desenvolvidas na trajetória de uma vida, mas que podem ser diagnosticadas, prognosticadas e tratadas em tempo, bastando que a própria pessoa ou a família da vítima desperte para essa necessidade, recorrendo a um profissional adequado.